SEGURANÇA, SAÚDE E MEDICINA NAS ORGANIZAÇÕES
As organizações foram construídas e ergueram-se baseadas em imagens. Essa simbologia reflete
um pensamento em que todos os componentes organizacionais são vistos como pequenas
engrenagens dessa máquina. Advém daí a estruturação setorial das empresas e assim percebe-se
claramente que a comunicação é o azeite das engrenagens da máquina (CURVELLO, 1986).
Nesse contexto, visando um diferencial competitivo, as organizações cultivam sua imagem como
estratégia de negócio, uma vez que os consumidores comprovadamente identificam a qualidade
dos produtos de acordo com a imagem da empresa. Em última estância, as organizações tendem a
querer preservar sua imagem perante a sociedade e o estado a qualquer custo. Assim a falta de
um bom trânsito de informações que gerem uma boa compreensão dos fatos certamente
comprometerá a imagem da organização. Por tudo isso a ética e a responsabilidade social viraram
sinônimos de compromisso empresarial, especialmente para as multinacionais que atuam em
vários recantos do mundo (CONRERP, 1990). Segurança, Saúde e Meio Ambiente (SMS) estão
intimamente ligadas à responsabilidade social, portanto tendo um grande apelo da sociedade.
Dentro de todo esse contexto, uma boa gestão estruturada de SMS melhora a imagem corporativa
das empresas perante os seus públicos de interesse, exprimindo total transparência e facilitando
sua performance no mercado em que atua. De acordo com a filosofia da administração nos novos
tempos, a vantagem competitiva de uma organização é conseqüência de sua interação com o
ambiente interno e externo. Na era do conhecimento e da informação, uma empresa socialmente
responsável com foco nos princípios da ética e da transparência, cujas políticas de atuação
centram-se na preservação do meio ambiente, na segurança e na saúde dos públicos de interesse,
terá diferencial competitivo perante seus concorrentes e trás uma vantagem proporcional ao
impacto das ações no ambiente interno e externo.
Porter(1989) salienta que a vantagem competitiva de uma empresa está relacionada a três
estratégias fundamentais, a saber: diferenciação, liderança de custos e enfoque. Neste artigo,
daremos atenção especial as duas primeiras estratégias visto que política de investimento em
SMS reduz custos, gera valor para a empresa, modifica o clima organizacional, por quanto, gera
um diferencial competitivo perante os concorrentes diretos. Todos ganham com uma boa gestão
de SMS. Trabalhar na redução de resíduos nos processos fabris e no contexto geral de produção
limpa estimula grandes retornos financeiros para as indústrias. O aumento do rendimento dos
seus processos, produzindo-se mais com o mesmo consumo de matéria prima é um dos exemplos.
Além disto, o meio ambiente é preservado visto que os recursos naturais são consumidos em
menor escala, promovendo, assim, o desenvolvimento sustentável.
Os elevados custos envolvidos em cada acidente com pessoas e com a propriedade, afastamentos
do trabalhador, devido a acidente ou doença profissional, e incidentes ambientais levam as
empresas a considerarem SMS como parte de sua estratégia de negócios nos dias atuais. Não
sendo assim elas perdem a competitividade no seu ramo de negócio devido ao aumento dos seus
custos e a sua imagem negativa perante a sociedade que consome os seus produtos.
Por causa de leis continuadamente mais restritivas, imputando cada vez mais pesadas multas,
custos altos com acidentes envolvendo pessoas e propriedades, e a possibilidade de redução de
consumo de matéria prima em projetos com produção mais limpa, pode-se afirmar que SMS
reduz os custos operacionais das organizações.
Analisando-se por todos estes aspectos, procurar-se-á estudar como as organizações se
beneficiam dos programas de SMS, já que são uma reivindicação das comunidades externa e
interna e também do governo. Partindo da ótica de benefício mútuo, é de se supor que, estando a
comunidade interna das organizações atendidas por programas de SMS, os quais melhoram a
qualidade de vida dos trabalhadores, a produtividade irá aumentar, pois colaboradores mais
motivados responderão sempre positivamente aos anseios da organização. Contanto, ainda, com
investimentos sistemáticos em SMS, elas evitam a poluição do meio ambiente e incidentes que
atinjam sua imagem perante o público externo. Acredita-se, também, que essas próprias
comunidades, incluindo o público consumidor, melhorarão a percepção de valor a respeito da
organização.
Todas as afirmativas e dúvidas serão discutidas neste artigo colocando em perspectiva destacada
uma empresa do Pólo Petroquímico de Camaçari, Bahia, que utilizando os programas de SMS
obteve grandes retornos da comunidade e também de cunho financeiro. Também será avaliado
através de pesquisa como o público em geral ver as empresas químicas e petroquímica em relação
a SMS.
Os programas de SMS são fundamentais para preservar a vida e a saúde dos trabalhadores como
também preservar o meio ambiente. Apenas isto já seria uma excelente justificativa para que a
boa gestão em SMS fosse um fator diferencial para as organizações. Não obstante, deve-se
adicionar a estes aspectos o ganho financeiro e a disseminação da boa imagem da organização
perante a sociedade.
2 – PERIGOS PARA A HUMANIDADE
O ser humano sempre está exposto ao perigo e, no trabalho, principalmente o industrial, esta
possibilidade é ainda maior, uma vez que são manuseados materiais que ao serem liberados têm
um sério poder de dano quer seja ao próprio homem quer seja ao meio ambiente. Conforme
Roland e Marioty (1990) ficar livre dos perigos é uma meta universal e, portanto, um desejo
natural do ser humano. Mesmo nos tempos mais remotos o homem já estava exposto aos perigos,
principalmente os de substâncias perigosas provenientes de plantas perigosas, animais venenosos
e substâncias químicas de origem natural. Assim a sociedade criou naturalmente suas linhas de
defesas para enfrentar todos estes perigos.
Com o desenvolvimento continuado da tecnologia e a introdução de novos produtos químicos, a
humanidade ficou mais exposta aos efeitos de um grande incidente. A sociedade em geral tem
permanecido mais atenta, mais informada e, ao mesmo tempo, vem clamando por mais
segurança. De acordo com a
World Health Organization (WHO) (1999) após acontecimentos
catastróficos em todo o mundo, tais como: o envenenamento de mercúrio em Minimata, as
doenças causadas por exposição ao cádmio em Itai-Itai, os incidentes envolvendo dioxina em
Seveso e metil isociantos em Bhopal, os grandes episódios de vazamento de óleo na Espanha e de
radioativadade na usina nuclear em Chernobil, que causaram medo e certo pânico à sociedade, as
autoridades governamentais foram forçadas a se mobilizarem para encontrar ações no intuito de
proteger o público.
Os incidentes que atingem diretamente ao público são mais visíveis e têm grande repercussão na
mídia. Existem, porém, àqueles que contribuem progressiva e negativamente, que ainda passam
desapercebidos e os quais só serão notados ao longo prazo. Para estes eventos, os cientistas são
os representantes da sociedade. Eles têm alertado constantemente os governantes para o perigo
que se avoluma a cada dia e que poderá provocar grandes catástrofes caso ação alguma seja
tomada no intuito de inibir os seus efeitos. Estamos nos referindo ao impacto ambiental.
Conforme Kiperstok
et alli (2002) este impacto pode ser medido conforme a equação abaixo:
Impacto Ambiental = População X PIB/pessoa X Impacto Ambiental/unidade de PIB
Se aplicarmos a Equação Mestra para o momento atual e a projetarmos para um futuro, digamos 30 a 50
anos, poderemos ter uma idéia de como evoluirá o impacto ambiental sobre o nosso planeta. Claro que não
se pode esperar grande precisão de projeções a tão longo prazo. Ao contrário, espera-se que, com base na
reflexão que tenhamos no momento, possamos influenciar o futuro de forma que as previsões mais
negativas não venham a acontecer (Prevenção da Poluição, pg 23).
3 – CUSTOS DOS ACIDENTES E INCIDENTES
Segundo Hammer e Price (2001) a primeira lei de compensação devido a acidente de trabalho foi
editada na Prússia em 1838 para proteger os empregados das estradas de ferro. No Brasil a
primeira lei que menciona a segurança no trabalho é datada de 1
o de maio de 1943, conforme
decreto lei n
o 5.452, do governo de Getúlio Vargas, que assumiu maior relevância jurídica a partir
da lei 5316 de 14 de setembro de 1967.
Novas leis foram surgindo para proteção do trabalhador em todo o mundo, no entanto não foi
capaz de controlar os acidentes e conseqüentemente os seus custos. De acordo com a Revista
Proteção (N
o 153) a Organização Internacional do Trabalho (OIT) divulgou em 1985 que a cada
três minutos um trabalhador perdia a vida no mundo devido a acidente do trabalho. Ainda
conforme estatísticas divulgadas pela OIT, em 2003 houve cerca de 280 milhões de acidentes por
ano em todo o mundo. Considerando que em média cada acidente custa U$ 40,00
1, equivale a
dizer que o custo de acidente em todo o mundo é de 11 bilhões e duzentos milhões de dólares.
Um valor deveras significativo para qualquer que seja a economia em questão.
4 – A IMAGEM DAS EMPRESAS ENVOLVIDAS EM ACIDENTES AMBIENTAIS
O maior desastre do mundo devido a vazamento de produto tóxico foi o da cidade de Bhopal na
Índia que teve como empresa causadora a Union Carbide. A repercussão em todo o mundo foi
altamente negativa e de 1984 a agosto de 1999 a Union Carbide sofreu várias derrotas
econômicas acumulando uma dívida de 2,3 bilhões de dólares
2 culminando com a sua
incorporação por uma grande empresa mundial.
Estes incidentes reduzem a credibilidade da empresa perante seu público interno e externo,
refletindo até mesmo no valor das ações no mercado financeiro. No Brasil a Petrobrás foi
protagonista de vários incidentes que causaram impactos financeiros negativos e isto a fez
1
Dados tirados do livro Introdução à Engenharia de Segurança de Sistemas de Fantatazzini e De Cicco, 1988, pág 5.
2
Fonte http://w3.amcham.com.br/news/990804dow.html, 02/10/2004
investir pesadamente em programas de segurança, mesmo sendo ela uma empresa bem postada
no cenário mundial.
Recentemente o jornal “A Tarde”, de 02/09/2004 lançou na sua manchete principal “Cetrel
desobedece Ibama e queima lixo tóxico”. Esta é indubitavelmente uma notícia muito negativa
para a imagem da empresa, pois deixa transparecer que ela é uma organização negligente
independente de ser ou não uma verdade absoluta.
5 – A SAÚDE DO TRABALHADOR VERSUS AUMENTO DE PRODUTIVIDADE
Conforme Hammer e Price (2001) a
Organizational Safety Health Administration (OSHA) tem
enfatizado a comunicação dos perigos nos locais do trabalho não só buscando uma nova maneira
de avaliá-los como também de como ter o envolvimento de setores não tradicionais da industria.
Estes novos perigos estão relacionados a problemas musculoligamentares, tais como lombalgias,
tenossinovites, lesões por traumas cumulativos e etc. Cerca de sessenta porcento das doenças
ocupacionais no mundo, em 1992, estão relacionadas a estes novos tipos de perigo. Couto (1995)
enfatiza que estes tipos de doença reduzem a produtividade das pessoas e geram afastamentos
prolongados além de deixar a empresa vulnerável perante eventuais reclamações trabalhistas.
Alguns fatores relacionados à ergonomia contribuem decisivamente na redução da produtividade.
A organização deve ficar atenta aos sintomas porque o que se parece falta de disposição para o
trabalho é uma doença relacionada ao trabalho. Ainda Couto (1995) menciona vários fatores que
as empresas devem ficar atentas para manter um bem estar do trabalhador e ao mesmo tempo
tirar vantagem de uma melhor produtividade:
·
Ergonomia na organização do trabalho pesado
·
Biomecânica aplicada ao trabalho
·
Adequação geral dos postos de trabalho
· Prevenção da fadiga no trabalho
Por fim, o homem evoluiu em termos tecnológicos, porém, esqueceram de aplicar métodos de segurança de modo a termos um crescimento sustentál. Resultado, diversos ascidentes ambientais, o planeta, a natureza mudou seu rumo,muitas catastrofes estão acontecendo.
Profecias sendo cumprida ou ações humanas visando apenas bens materiais.
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